O crescimento e evolução consciente a partir de recursos renováveis são necessidades emergenciais para o futuro do planeta.
Por Olívia Freitas
As mudanças no decorrer dos anos são inevitáveis para que a sociedade possa evoluir em vários aspectos. O crescimento de todo o país é uma das prioridades em qualquer governo, mas o da região amazônica, principalmente, merece uma atenção especial: a sustentabilidade. O foco de grande parte dos especialistas que discute o tema é como essa região pode se desenvolver conscientemente sem agredir o meio ambiente, um dos mais ricos do planeta.
Os impactos atuais na região amazônica representam uma preocupação com seu futuro, que é totalmente ligado ao da Terra. Os estudiosos dizem que é preciso pensar em soluções socialmente mais viáveis e sustentáveis, para que comunidades menores possam usar fontes alternativas e que melhore a base de informações da população regional sobre os impactos e suas causas. O trabalho de conscientização é árduo, exige planejamento e políticas públicas para mostrar à população que os recursos naturais não são inesgotáveis. Mais de 180 povos indígenas, além de ribeirinhos, caboclos, quilombolas, migrantes e imigrantes vivem na região amazônica. “Já passou da hora dos brasileiros começarem a se preocupar com a Amazônia. Ela está crescendo cada vez mais, está nos olhos do mundo. Tem muita gente interessada, economicamente e geopoliticamente”, diz o jornalista, professor universitário e coordenador do curso “Repórter do Futuro”- módulo Amazônia, Pedro Ortiz. Mexer com a diversidade regional e sua complexidade possivelmente é o maior desafio do planejamento de desenvolvimento regional sustentável. A Amazônia Legal - termo designado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) - criada para aumentar a população da região e criar programas de desenvolvimentos socioeconômicos, compreende os estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre, parte do Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Amapá. Segundo dados do IBGE do Censo 2010, a região amazônica possui 24 milhões de habitantes, em 5.016.136,3 m². Um número significativamente pequeno, aproximadamente 12% da população nacional de uma região que equivalente a 59% do território brasileiro.
Iniciativas fundamentais
Os problemas da Amazônia brasileira foram pauta da entrevista do professor da USP, especializado em meio ambiente e membro do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Aziz Ab’ Saber, falecido em março deste ano. Na reportagem publicada na revista “Estudos Avançados”, edição nº 53 de 2005, pertencente à Universidade de São Paulo, ele crítica à situação da região amazônica e sugere possíveis saídas. “Para tanto, seria preciso criar políticas públicas adequadas para cada uma das células espaciais da região amazônica e incentivar os poucos modelos de economia ecologicamente ‘autossustentada’ criados pelos próprios amazônidas (Projeto Reca – Reflorestamento Econômico Concentrado e Adensado, por exemplo)”. Para isso, o país precisa valorizar seus bens naturais, patenteando o que é seu por direito. Recursos naturais renováveis como os frutos, óleos, sementes, que podem enriquecer o setor farmacêutico brasileiro e o minério de ferro, que erroneamente exportamos “cru” e importamos na forma de aço. Uma hipótese, seria possível desenvolver mais a região vendendo para aos estrangeiros o material já pronto. “Poderíamos avançar muito mais nessa questão do registro de patentes. É impossível acabar com a biopirataria, mas é possível combatê-la bastante com políticas públicas”, conta Ortiz. A questão da energia elétrica é extremamente complexa nessa região. Existe um déficit, a capacidade de produção das usinas, que ainda é reduzida. Um dos maiores desastres e fracassos do ponto de vista de engenharia e de produção de energia elétrica é a Usina de Hidrelétrica de Balbina, localizada no município General Figueiredo, a 107 km de Manaus, que não consegue produzir nem 20% de sua capacidade. Ela foi instalada na cidade sem nenhuma espécie de cuidado ambiental e social. “A Usina de Balbina foi construída numa região que tem pouco acidente geográfico. Tiveram que fazer um lago gigantesco quando fizeram a barragem, ou seja, tiveram que alagar uma região enorme para que esse volume de água com um desnível muito pequeno pudesse girar as turbinas da usina para produzir energia elétrica”, explica Ortiz. A capital Manaus, por exemplo, ainda precisa de energia produzida em termoelétricas, uma forma extremamente poluente. Em 2006, encontraram gás natural em Coari, município do Amazonas, que pode ser usado para abastecer as usinas térmicas, menos poluentes. “O gás natural é uma boa alternativa para substituir as hidrelétricas. Também pode usar a biomassa, ou fontes de energia solar em pequenos povoados. Temos fontes alternativas, como possibilidade de solução”, conta Ortiz. Ainda na entrevista à revista Estudos Avançados, Ab’ Saber mostra alguns caminhos para o desenvolvimento autossustentável da região amazônica. “Sugiro então que se faça o uso das bordas dessas florestas que estão mais ou menos bem preservadas para atividades agrárias autossustentáveis [....]. O objetivo dos que fizeram esse modelo de economia silvoagrária autossustentada era o de aproveitar áreas já devastadas a partir do bordo da floresta, sem mexer muito com o interior da mata e sua biodiversidade [...].”
Políticas de preservação e desenvolvimento
Para que as “soluções” entrem em prática é preciso uma série de medidas governamentais, algumas delas já em vigor e outras em espera de decisões superiores. A geógrafa e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da Academia Brasileira de Ciências, Bertha Becker, expressou suo opinião no “Dossiê da Amazônia Brasileira I – Geopolítica da Amazônia” da revista “Estudos Avançados” nº 53 de 2005. “Se a Amazônia é efetivamente uma região, então há que se substituir a política de ocupação por uma política de consolidação do desenvolvimento. Uma política de ocupação não tem mais cabimento, porque a região já está ocupada. As florestas que restaram devem permanecer com seus habitantes”, relata Bertha. Tentando organizar e articular os diferentes interesses e constantes conflitos na região, o governo, de Luís Inácio Lula da Silva elaborou o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Com esse programa, a meta é atingir quatro objetivos e diretrizes estratégicas: Ordenamento Territorial e Gestão Ambiental; Produção Sustentável com Inovação e Competitividade; Infraestrutura para o Desenvolvimento; e Inclusão Social e Cidadania. Ao total já são 28 projetos apoiados pelo PAS. Já o governo de Dilma trabalha em várias frentes em relação ao desenvolvimento sustentável. Como a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e as metas assumidas pelo país na COP15 (Conferência da ONU sobre mudanças climáticas), que resultaram na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Recentemente foi lançada a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que visa oferecer um modelo mais sustentável para as cidades. “Mas ainda há muito a ser feito, principalmente em áreas onde prevalecem as ideias de que grandes obras são solução para tudo, como a energética. O petróleo do pré-sal é outro grande dilema, como pode um país caminhar para ser mais sustentável e ao mesmo tempo em que se torna um dos maiores produtores de petróleo do mundo?”, questiona o editor do portal de notícias sobre sustentabilidade Envolverde, Dal Marcondes, que se dedica há 14 anos ao tema meio ambiente. Segundo Marcondes, o Brasil tem grandes condições mundiais de ser líder em sustentabilidade. Na conferência Rio+20, o país assumiu essa liderança verde, mas isso não depende somente de Dilma, mas como também da iniciativa privada. “O governo precisa valorizar iniciativas relacionadas à economia verde e não privilegiar iniciativas no velho modelo. Energias limpas, economia criativa, geração de empregos verde, tudo isso deve ser incentivado, enquanto estimular venda de carros e o consumo predatório não deve ser incitado”, opina. Surpreendentemente, o tema “Amazônia” ficou de fora dos pontos principais da conferência do Rio. Para o jornalista Pedro Ortiz, é uma boa estratégia de o governo tirar a Amazônia do foco do mundo. Dessa forma, o país tenta “tomar” essa responsabilidade para si, defendendo que medidas na região cabem apenas para os países Panamazônicos.
Olívia Freitas é estudante do terceiro ano de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu e participou do 6º Curso de Complementação Universitária, Projeto Repórter do Futuro – Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, desenvolvido pela Oboré – Projetos Especiais em Comunicações e Artes, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA - USP).
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Por Olívia Freitas
As mudanças no decorrer dos anos são inevitáveis para que a sociedade possa evoluir em vários aspectos. O crescimento de todo o país é uma das prioridades em qualquer governo, mas o da região amazônica, principalmente, merece uma atenção especial: a sustentabilidade. O foco de grande parte dos especialistas que discute o tema é como essa região pode se desenvolver conscientemente sem agredir o meio ambiente, um dos mais ricos do planeta.
Os impactos atuais na região amazônica representam uma preocupação com seu futuro, que é totalmente ligado ao da Terra. Os estudiosos dizem que é preciso pensar em soluções socialmente mais viáveis e sustentáveis, para que comunidades menores possam usar fontes alternativas e que melhore a base de informações da população regional sobre os impactos e suas causas.
O trabalho de conscientização é árduo, exige planejamento e políticas públicas para mostrar à população que os recursos naturais não são inesgotáveis. Mais de 180 povos indígenas, além de ribeirinhos, caboclos, quilombolas, migrantes e imigrantes vivem na região amazônica. “Já passou da hora dos brasileiros começarem a se preocupar com a Amazônia. Ela está crescendo cada vez mais, está nos olhos do mundo. Tem muita gente interessada, economicamente e geopoliticamente”, diz o jornalista, professor universitário e coordenador do curso “Repórter do Futuro”- módulo Amazônia, Pedro Ortiz.
Mexer com a diversidade regional e sua complexidade possivelmente é o maior desafio do planejamento de desenvolvimento regional sustentável. A Amazônia Legal - termo designado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) - criada para aumentar a população da região e criar programas de desenvolvimentos socioeconômicos, compreende os estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre, parte do Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Amapá. Segundo dados do IBGE do Censo 2010, a região amazônica possui 24 milhões de habitantes, em 5.016.136,3 m². Um número significativamente pequeno, aproximadamente 12% da população nacional de uma região que equivalente a 59% do território brasileiro.
Os impactos atuais na região amazônica representam uma preocupação com seu futuro, que é totalmente ligado ao da Terra. Os estudiosos dizem que é preciso pensar em soluções socialmente mais viáveis e sustentáveis, para que comunidades menores possam usar fontes alternativas e que melhore a base de informações da população regional sobre os impactos e suas causas.
O trabalho de conscientização é árduo, exige planejamento e políticas públicas para mostrar à população que os recursos naturais não são inesgotáveis. Mais de 180 povos indígenas, além de ribeirinhos, caboclos, quilombolas, migrantes e imigrantes vivem na região amazônica. “Já passou da hora dos brasileiros começarem a se preocupar com a Amazônia. Ela está crescendo cada vez mais, está nos olhos do mundo. Tem muita gente interessada, economicamente e geopoliticamente”, diz o jornalista, professor universitário e coordenador do curso “Repórter do Futuro”- módulo Amazônia, Pedro Ortiz.
Mexer com a diversidade regional e sua complexidade possivelmente é o maior desafio do planejamento de desenvolvimento regional sustentável. A Amazônia Legal - termo designado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) - criada para aumentar a população da região e criar programas de desenvolvimentos socioeconômicos, compreende os estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre, parte do Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Amapá. Segundo dados do IBGE do Censo 2010, a região amazônica possui 24 milhões de habitantes, em 5.016.136,3 m². Um número significativamente pequeno, aproximadamente 12% da população nacional de uma região que equivalente a 59% do território brasileiro.
Iniciativas fundamentais
Os problemas da Amazônia brasileira foram pauta da entrevista do professor da USP, especializado em meio ambiente e membro do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Aziz Ab’ Saber, falecido em março deste ano. Na reportagem publicada na revista “Estudos Avançados”, edição nº 53 de 2005, pertencente à Universidade de São Paulo, ele crítica à situação da região amazônica e sugere possíveis saídas. “Para tanto, seria preciso criar políticas públicas adequadas para cada uma das células espaciais da região amazônica e incentivar os poucos modelos de economia ecologicamente ‘autossustentada’ criados pelos próprios amazônidas (Projeto Reca – Reflorestamento Econômico Concentrado e Adensado, por exemplo)”.
Para isso, o país precisa valorizar seus bens naturais, patenteando o que é seu por direito. Recursos naturais renováveis como os frutos, óleos, sementes, que podem enriquecer o setor farmacêutico brasileiro e o minério de ferro, que erroneamente exportamos “cru” e importamos na forma de aço. Uma hipótese, seria possível desenvolver mais a região vendendo para aos estrangeiros o material já pronto. “Poderíamos avançar muito mais nessa questão do registro de patentes. É impossível acabar com a biopirataria, mas é possível combatê-la bastante com políticas públicas”, conta Ortiz.
A questão da energia elétrica é extremamente complexa nessa região. Existe um déficit, a capacidade de produção das usinas, que ainda é reduzida. Um dos maiores desastres e fracassos do ponto de vista de engenharia e de produção de energia elétrica é a Usina de Hidrelétrica de Balbina, localizada no município General Figueiredo, a 107 km de Manaus, que não consegue produzir nem 20% de sua capacidade. Ela foi instalada na cidade sem nenhuma espécie de cuidado ambiental e social.
“A Usina de Balbina foi construída numa região que tem pouco acidente geográfico. Tiveram que fazer um lago gigantesco quando fizeram a barragem, ou seja, tiveram que alagar uma região enorme para que esse volume de água com um desnível muito pequeno pudesse girar as turbinas da usina para produzir energia elétrica”, explica Ortiz.
A capital Manaus, por exemplo, ainda precisa de energia produzida em termoelétricas, uma forma extremamente poluente. Em 2006, encontraram gás natural em Coari, município do Amazonas, que pode ser usado para abastecer as usinas térmicas, menos poluentes. “O gás natural é uma boa alternativa para substituir as hidrelétricas. Também pode usar a biomassa, ou fontes de energia solar em pequenos povoados. Temos fontes alternativas, como possibilidade de solução”, conta Ortiz.
Ainda na entrevista à revista Estudos Avançados, Ab’ Saber mostra alguns caminhos para o desenvolvimento autossustentável da região amazônica. “Sugiro então que se faça o uso das bordas dessas florestas que estão mais ou menos bem preservadas para atividades agrárias autossustentáveis [....]. O objetivo dos que fizeram esse modelo de economia silvoagrária autossustentada era o de aproveitar áreas já devastadas a partir do bordo da floresta, sem mexer muito com o interior da mata e sua biodiversidade [...].”
Os problemas da Amazônia brasileira foram pauta da entrevista do professor da USP, especializado em meio ambiente e membro do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Aziz Ab’ Saber, falecido em março deste ano. Na reportagem publicada na revista “Estudos Avançados”, edição nº 53 de 2005, pertencente à Universidade de São Paulo, ele crítica à situação da região amazônica e sugere possíveis saídas. “Para tanto, seria preciso criar políticas públicas adequadas para cada uma das células espaciais da região amazônica e incentivar os poucos modelos de economia ecologicamente ‘autossustentada’ criados pelos próprios amazônidas (Projeto Reca – Reflorestamento Econômico Concentrado e Adensado, por exemplo)”.
Para isso, o país precisa valorizar seus bens naturais, patenteando o que é seu por direito. Recursos naturais renováveis como os frutos, óleos, sementes, que podem enriquecer o setor farmacêutico brasileiro e o minério de ferro, que erroneamente exportamos “cru” e importamos na forma de aço. Uma hipótese, seria possível desenvolver mais a região vendendo para aos estrangeiros o material já pronto. “Poderíamos avançar muito mais nessa questão do registro de patentes. É impossível acabar com a biopirataria, mas é possível combatê-la bastante com políticas públicas”, conta Ortiz.
A questão da energia elétrica é extremamente complexa nessa região. Existe um déficit, a capacidade de produção das usinas, que ainda é reduzida. Um dos maiores desastres e fracassos do ponto de vista de engenharia e de produção de energia elétrica é a Usina de Hidrelétrica de Balbina, localizada no município General Figueiredo, a 107 km de Manaus, que não consegue produzir nem 20% de sua capacidade. Ela foi instalada na cidade sem nenhuma espécie de cuidado ambiental e social.
“A Usina de Balbina foi construída numa região que tem pouco acidente geográfico. Tiveram que fazer um lago gigantesco quando fizeram a barragem, ou seja, tiveram que alagar uma região enorme para que esse volume de água com um desnível muito pequeno pudesse girar as turbinas da usina para produzir energia elétrica”, explica Ortiz.
A capital Manaus, por exemplo, ainda precisa de energia produzida em termoelétricas, uma forma extremamente poluente. Em 2006, encontraram gás natural em Coari, município do Amazonas, que pode ser usado para abastecer as usinas térmicas, menos poluentes. “O gás natural é uma boa alternativa para substituir as hidrelétricas. Também pode usar a biomassa, ou fontes de energia solar em pequenos povoados. Temos fontes alternativas, como possibilidade de solução”, conta Ortiz.
Ainda na entrevista à revista Estudos Avançados, Ab’ Saber mostra alguns caminhos para o desenvolvimento autossustentável da região amazônica. “Sugiro então que se faça o uso das bordas dessas florestas que estão mais ou menos bem preservadas para atividades agrárias autossustentáveis [....]. O objetivo dos que fizeram esse modelo de economia silvoagrária autossustentada era o de aproveitar áreas já devastadas a partir do bordo da floresta, sem mexer muito com o interior da mata e sua biodiversidade [...].”
Políticas de preservação e desenvolvimento
Para que as “soluções” entrem em prática é preciso uma série de medidas governamentais, algumas delas já em vigor e outras em espera de decisões superiores. A geógrafa e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da Academia Brasileira de Ciências, Bertha Becker, expressou suo opinião no “Dossiê da Amazônia Brasileira I – Geopolítica da Amazônia” da revista “Estudos Avançados” nº 53 de 2005. “Se a Amazônia é efetivamente uma região, então há que se substituir a política de ocupação por uma política de consolidação do desenvolvimento. Uma política de ocupação não tem mais cabimento, porque a região já está ocupada. As florestas que restaram devem permanecer com seus habitantes”, relata Bertha.
Tentando organizar e articular os diferentes interesses e constantes conflitos na região, o governo, de Luís Inácio Lula da Silva elaborou o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Com esse programa, a meta é atingir quatro objetivos e diretrizes estratégicas: Ordenamento Territorial e Gestão Ambiental; Produção Sustentável com Inovação e Competitividade; Infraestrutura para o Desenvolvimento; e Inclusão Social e Cidadania. Ao total já são 28 projetos apoiados pelo PAS.
Já o governo de Dilma trabalha em várias frentes em relação ao desenvolvimento sustentável. Como a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e as metas assumidas pelo país na COP15 (Conferência da ONU sobre mudanças climáticas), que resultaram na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Recentemente foi lançada a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que visa oferecer um modelo mais sustentável para as cidades. “Mas ainda há muito a ser feito, principalmente em áreas onde prevalecem as ideias de que grandes obras são solução para tudo, como a energética. O petróleo do pré-sal é outro grande dilema, como pode um país caminhar para ser mais sustentável e ao mesmo tempo em que se torna um dos maiores produtores de petróleo do mundo?”, questiona o editor do portal de notícias sobre sustentabilidade Envolverde, Dal Marcondes, que se dedica há 14 anos ao tema meio ambiente.
Segundo Marcondes, o Brasil tem grandes condições mundiais de ser líder em sustentabilidade. Na conferência Rio+20, o país assumiu essa liderança verde, mas isso não depende somente de Dilma, mas como também da iniciativa privada. “O governo precisa valorizar iniciativas relacionadas à economia verde e não privilegiar iniciativas no velho modelo. Energias limpas, economia criativa, geração de empregos verde, tudo isso deve ser incentivado, enquanto estimular venda de carros e o consumo predatório não deve ser incitado”, opina.
Surpreendentemente, o tema “Amazônia” ficou de fora dos pontos principais da conferência do Rio. Para o jornalista Pedro Ortiz, é uma boa estratégia de o governo tirar a Amazônia do foco do mundo. Dessa forma, o país tenta “tomar” essa responsabilidade para si, defendendo que medidas na região cabem apenas para os países Panamazônicos.
Para que as “soluções” entrem em prática é preciso uma série de medidas governamentais, algumas delas já em vigor e outras em espera de decisões superiores. A geógrafa e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da Academia Brasileira de Ciências, Bertha Becker, expressou suo opinião no “Dossiê da Amazônia Brasileira I – Geopolítica da Amazônia” da revista “Estudos Avançados” nº 53 de 2005. “Se a Amazônia é efetivamente uma região, então há que se substituir a política de ocupação por uma política de consolidação do desenvolvimento. Uma política de ocupação não tem mais cabimento, porque a região já está ocupada. As florestas que restaram devem permanecer com seus habitantes”, relata Bertha.
Tentando organizar e articular os diferentes interesses e constantes conflitos na região, o governo, de Luís Inácio Lula da Silva elaborou o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Com esse programa, a meta é atingir quatro objetivos e diretrizes estratégicas: Ordenamento Territorial e Gestão Ambiental; Produção Sustentável com Inovação e Competitividade; Infraestrutura para o Desenvolvimento; e Inclusão Social e Cidadania. Ao total já são 28 projetos apoiados pelo PAS.
Já o governo de Dilma trabalha em várias frentes em relação ao desenvolvimento sustentável. Como a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e as metas assumidas pelo país na COP15 (Conferência da ONU sobre mudanças climáticas), que resultaram na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Recentemente foi lançada a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que visa oferecer um modelo mais sustentável para as cidades. “Mas ainda há muito a ser feito, principalmente em áreas onde prevalecem as ideias de que grandes obras são solução para tudo, como a energética. O petróleo do pré-sal é outro grande dilema, como pode um país caminhar para ser mais sustentável e ao mesmo tempo em que se torna um dos maiores produtores de petróleo do mundo?”, questiona o editor do portal de notícias sobre sustentabilidade Envolverde, Dal Marcondes, que se dedica há 14 anos ao tema meio ambiente.
Segundo Marcondes, o Brasil tem grandes condições mundiais de ser líder em sustentabilidade. Na conferência Rio+20, o país assumiu essa liderança verde, mas isso não depende somente de Dilma, mas como também da iniciativa privada. “O governo precisa valorizar iniciativas relacionadas à economia verde e não privilegiar iniciativas no velho modelo. Energias limpas, economia criativa, geração de empregos verde, tudo isso deve ser incentivado, enquanto estimular venda de carros e o consumo predatório não deve ser incitado”, opina.
Surpreendentemente, o tema “Amazônia” ficou de fora dos pontos principais da conferência do Rio. Para o jornalista Pedro Ortiz, é uma boa estratégia de o governo tirar a Amazônia do foco do mundo. Dessa forma, o país tenta “tomar” essa responsabilidade para si, defendendo que medidas na região cabem apenas para os países Panamazônicos.
Olívia Freitas é estudante do terceiro ano de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu e participou do 6º Curso de Complementação Universitária, Projeto Repórter do Futuro – Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter, desenvolvido pela Oboré – Projetos Especiais em Comunicações e Artes, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA - USP).